segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

E no fim

Uma vez que começas a cair não podes parar, nem sequer para te levantares e beberes um copo de água. Ficas ali, imóvel, a suar, expulsando até à última gota a dor que revolve nas tuas entranhas. São horas intermináveis em que pensas que nunca mais poderás voltar a viver, que o melhor seria ficares adormecido para não ver mais nada.
E chega o momento de saires de casa, ainda com a cabeça feita um desastre. Durante 3 horas és capaz de compartilhar trivialidades, cerveja e mais nada. E no último instante, sem contar, as pernas falham-te, e sabem logo de antemão que alguma coisa aconteceu. E ganhas a sensação de que vem outra noite sem dormir.
Gostavas de parar o tempo há meses atrás, quando ainda podias aspirar a encontrar algum equilíbrio. De noite, a comiseração quase te faz rebentar a cabeça. E esse alívio é agora uma dor profunda e, apercebes-te, estúpida. Chegas à estalagem e apenas te apetece queimar tudo, fazer desaparecer cada móvel, espelho ou almofada que te faça lembrar dela. Porque construíram isso juntos. Agora tens de destruir a pessoa que criaste.

A derradeira coisa que podes fazer quando te encontras assim é apagar tudo isso com álcool. Preparas-te mais uma vez para sair, entre as vozes na tua cabeça, sair à rua para respirar. Mas como sempre cometes excessos. E aí a queda será duplamente espantosa.

Isn't it beautiful?

Outra vez o som da melancolia. À primeira hora do dia chegou-me o vento do Sul, recordações de canções em inglês, noites de 24 horas, confissões, autocarros e eternas despedidas.
Who am I...?
Perguntava-to de novo se pudesse.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Lisboa, Lisboa (...)" - pt III

*ring-ding-ding*

- Tou?
- Tou? Zé? Olha, pá, não sei como arranjei isto, mas tens de me ajudar...
- Então? Que se passa?
- Pá, 'tava a ir para casa no autocarro que me disseste para apanhar e um tipo com bué de má onda encostou-se a mim e disse-me "mano, tens um relógio muito bonito...", e eu vi logo que era filme, então saí do autocarro na primeira paragem a seguir e vim para um café! Meu, 'tou um bocado flipado com isto tudo e (...)
- (...) 'Pera lá, 'tás a fazer filmes, pá! Isto não é Nova Iorque e nem toda a gente te quer assaltar! Vocês do Norte ouvem umas coisas e vêm o "Zona J" e pensam que aqui é tudo gangster! (risos) Relaxa lá, tem calma e diz onde estás que eu vou-te buscar e vais ver que não tens nada que te preocupar!
- 'Tá. Não sei bem onde estou... Espera... (fffrrrfffrrr) ( - olhe, como é que se chama esta zona? - ........ - Ah sim, obrigado!) - Tou? Zé?
- Sim?
- É Musgueira.
- Diz...?
- Musgueira. O senhor do café diz que se chama Musgueira isto.
- Não saias daí. Tira o relógio, eu vou já para aí...


Lisbon wins.

SMS

- tás acordada...?
- mais ou mens...
- :)
- q s passa?
- nd. tou sem sono. tava a ver s me davas motivos p eu ficar acordado... ;)
- hum... q fazes amanha de manha? ;)
- hum... nd... ms pk? ;)
- pk eu faço! p isso DEIXA-M DORMIR!!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Febre

Podia ser por culpa da temperatura, mas voltou a recordá-lo. Imaginou-o como um ser humano, uma pessoa que vive e caminha, mas a quem não podia chegar fosse por que meio fosse.
Era a impotência que a confundia. Era o ser dele que a levava até ao limite dela mesma. Eram as suas mãos as que conseguiram afastá-la dele.
E ainda assim ela continuava a achar que ele estava a desfrutar de umas férias eternas.

Assim como assim, nada valia a pena, nada era real. Nem um, nem dois, nem três, nem quatro. Nem ele.
"Que se foda"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Eu?

Quem diria que algum dia ia ficar contente por ver um dia de sol e temperatura primaveril?
Eu? - Que só gostava de dias cinzentos e frios.
Eu? - Que sonhava com uma casa à beira-mar em pleno inverno irlandês ou uma cabana de montanha na Noruega.
Hoje sonho com uma esplanada inundada de sol, encharcada de luz, aí, perto de ti, onde tu te perdes entre flores de sakura e sóis nascentes.
É o que tu és.
Um admirável mundo novo.

My Little Anarchist

Sabes o que mais gosto em ti? Teres uma agenda e não saberes usá-la. Teres toda a tua vida desorganizada em folhas de papel.
És o caos no meio da ordem.

Love? It's Overrated - VII

- Por favor, diz-me que foi tudo mentira.
- Não posso. Caso contrário, fico louca. E foi sempre pela ideia de "nós" que eu estive apaixonada. Nunca por ti.