sexta-feira, 28 de maio de 2010

The Word made Flesh





E poderá o Amor tornar-se Veneno?




domingo, 23 de maio de 2010

Desculpem o cliché, mas...

Hoje era aqui.
Hoje foi isto.





Porque há coisas que são realmente belas.
E há coisas que deviam ser omitidas dos meus olhos e ouvidos.
E é Lá, Aqui, seja onde for, que eu devia estar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Indifference is killing me




Farah, now that we're here
Can you tell me
Exactly how I should have done?
Farah drives with her eyes closed
Do you ever
Inflict unwanted memories?

I know you
And I know it won't take you long
To make me smile

Farah, angelic girl
I'll have you know
It's you and me potentially

Farah, don't pull the carpet
From underneath
Indifference is killing me

Am I wry?
Oh my! Fallacy Fallacy in my words,
Am I wry?

I know you
And I know you're not afraid
To say the least

Diamond ring, diamond ring
But you can't find it
Cold is the night

sábado, 15 de maio de 2010

"Romeo Is Bleeding"

Há já meses que tinha entrado naquele limbo. Um arrastar de dias, uma sequência mais ou menos lógica de acontecimentos, mas apenas do lado de fora do apartamento onde voluntariamente se tinha encerrado. Parecia-lhe apropriado, e adaptou a si mesmo o ambiente daquela sala e que condizia com o estado de espírito que lhe pesava.
Durante 3 meses voltou a um estado quase gestacional. Cerrou as cortinas e os estores das grandes janelas de vidro duplo e apenas lhe chegavam os ecos difusos de um mundo que se desenvolvia no exterior. Como se dentro do ventre materno de novo, experimentava o mundo apenas indirectamente.
Começou a despertar lentamente, primeiro com o levantar-se do sofá e percorrer as assoalhadas mais ou menos vazias, começar a escolher roupa para se vestir, do meio dos roldões amarrotados que ela lhe tinha deixado empacotados e deixado à porta de casa para ele recolher. Desde que ela o deixara, era ali, naquele espaço que se recolhia.
Iniciou pequenos rituais diários. A preparação do "Cerelac" com que se alimentava fazia semanas, programar o vídeo para gravar os filmes arrastados da 2 caso o sono o vencesse, tomar um duche e fazer a barba de 3 em 3 dias.
Os dias, esses, avançavam sem que sentisse. Colocava Jeff Buckley no gira discos e arriscava pequenas coreografias de tai-chi, reminiscências de um passado ligeiramente mais espiritual.
Começou a elaborar pequenas refeições que não à base de farinhas lácteas, que iam escalando em complexidade com o tempo e ao sabor dos caprichos do palato.
O tabaco chegava-lhe às sextas-feiras, dois volumes, juntamente com as mercearias, com a providencial visita da mulher a dias, a quem confiava as chaves mas de quem fugia na hora em que entrava, e recolhia-se trancado no único quarto que havia, fazendo questão de deixar uma lista com as compras e o sempre sublinhado "por favor, feche as persianas ao sair" no final.
Uma manhã em que o céu se tinha colorido de côr de papel pautado,pardacento, monocórdico e alinhado (não que tivesse grande interesse para o nosso sujeito), ele pressentiu a luminosidade que escapava pelas frestas da porta do corredor do prédio, e colocou os óculos escuros antes de deambular pela penumbra. Sorvendo devagar um copo de ginja d'Óbidos e cantarolando "They call me the wild rose", chocou de forma acidental e com alguns impropérios, com o móvel que guardava o pesado gira discos "Decca". Pontapeou com violência os vinis espalhados pelo chão em raiva, e agarrou num deles com o intuito de o esmagar contra a parede, "eujátedigomeugrandessíssimofilhodaputa", mas uma observação mais de perto antes da catástrofe (não fosse estar a esmagar o Waits que ela lhe tinha oferecido) desvendou-lhe em letras já meias apagadas o frontispício "Chopin", estampado no muito conservador pretoamarelo da "Deutsche Grammophone" já buído do tempo.
Arriscou a audição, e sujeitou à mágoa da agulha a matriz de polímero e deixou fluir um nocturno.
E em contraste absoluto com a música, encolhendo os ombros, encaminhou-se para a janela e abriu o estore de uma vez só, deixando a luz do dia inundar a sala. Abriu a grande portada, e pela primeira vez saiu ao ar lá de fora. Acendeu um cigarro, e já não sabia se sorvia o fumo ou a luz, mas "foda-se, já nem me lembrava..."
A luz entrecortada do sol lembrou-o dela.
E ela já não passava de uma cicatriz. Acendeu outro cigarro. E atirou com toda a força que tinha o Waits pelos ares, que se estatelou lá em baixo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

But I still love you more than anyone else could




Please don't let this turn into something it's not
I can only give you everything I've got
I can't be as sorry as you think I should
But I still love you more than anyone else could

All that I keep thinking throughout this whole flight
Is it could take my whole damn life to make this right
This splintered mast I'm holding on won't save me long
Because I know fine well that what I did was wrong

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
The first kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

We have got through so much worse than this before
What's so different this time that you can't ignore?
You say it is much more than just my last mistake
And we should spend some time apart for both our sakes

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
The first kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
First kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

And I don't know where to look
My words just break and melt
Please just save me from this darkness
Please just save me from this darkness

And I don't know where to look
My words just break and melt
Please just save me from this darkness
Please just save me from this darkness

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Frases sábias





"A bullet in the head is a lesson learned."




Dos lados do vulcão

Esta canção tem um nome tão curioso de pronunciar como Eyjafjallajokull, o vulcão que tem estado nas bocas do povo (ou pelo menos das que conseguem dizê-lo).

E é curioso como de um país como esse, poderia vir isto. Já não ouvia há muitos anos. Vale a pena recordar.

Beleza em estado auditivo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Insónias

Never run when you can walk.
Never walk when you can stand.
Never stand when you can sit.
Never sit when you can lay.
Never lay when you can sleep.


Never sleep when you can die.

terça-feira, 11 de maio de 2010

To give

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que não o sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro os olhos: é o bastante.
Que mais quero?


Ricardo Reis

Geometria descritiva



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Entre mim e eu - pt. II

Pára. Respira. Concentra-te de novo.
Escuta.
Escuta-te mais uma vez.
- Para onde me levas?
- Pergunta antes para onde queres que te leve. Para onde queres ir?
- Para fora de mim. Viver em meu redor. E voltar de novo.
- Mas tu já estás fora de ti. Eu estou fora de e dentro de ti. Eu sou tu e tu és ninguém, tal como eu. Vá, para onde queres que te leve?
- Para onde eu possa não ser eu. Onde possa ser tudo e todos. Nada e ninguém.
- Toma a minha mão. Não vai demorar. Já estamos quase lá.
- Prometes?
- Pela primeira vez não vou enganar-te. Não posso continuar a enganar-me a mim mesmo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Talentos & Companhia

portugal

................................................a partir Portugal de Jorge Sousa Braga

portugal
eu tenho vinte e quatro anos e tu fazes-me sentir
como se fosse nova demais para ti, embora me lembres que estou a caminhos dos trinta.
que culpa tenho eu
que as únicas mulheres da história portuguesa em fascículos
eram uma padeira que nunca existiu e umas quantas rainhas loucas, mães e megeras
só porque escolheste um treçolho na ponta do dedo indicador?

não imaginas como nem sequer fico húmida quando ouço o hino nacional
não estou virada p’ra te levantar o esplendor
(decerto as minhas egrégias avós me compreendem)

ontem fui às compras com a Maga Patalógika
- a vida está cara
a cara com o mal
é o que dá dar
a outra face –
e ela em vez de me dar uma poção, a querer convencer-me que com um ben-u-ron tudo passa
até esta hemorragia de lágrimas e pétalas em salga
esta mucosidade lusa a escorrer pelo atlântico e a acender lusos


portugal
um dia fechei-me no parlamento a ver se te compreendia
mas a única coisa que apanhei
foi uma otite

olha, portugal
eu quero lá saber da nação! – mas levo-te sempre no bolso para ver as horas a transformar-me no Coelho Branco
olha, portugal
eu quero lá saber da nação! – mas pelo sim pelo não
vou votando quando não faço aviões de papel

portugal, estás a ouvir-me?
eu sei que não. as mulheres falam de mais, não é? olha só este poema que já vai em duas páginas

portugal
eu nasci em mil novecentos e oitenta e quatro
cheguei tarde de mais para a festa dos cravos
mas ainda assim
puseram-me um prato na mesa
- estou agora a almoçar
faltam talheres, copo, guardanapo e companhia – nada de ressentimentos
ainda tenho a mão que me sobrou de escrever uma guerra nunca contada
faltam as barrigas de freira para a sobremesa que não devem tardar
- eles dizem que este banquete será sempre bom demais para mim
esquecem-se que somos nós que levantamos a mesa e lavamos a louça e tentamos aquecer
os restos
no micro-ondas


eu nasci em mil novecentos e oitenta e quatro
a venezuelana Astrid Carolina Herrera Irrazábal é eleita Miss Mundo – nada de ressentimentos

eu nasci em mil novecentos e oitenta e quatro
mário soares estava no poder e segue-se-lhe cavaco silva – nada de ressentimentos
à parte o facto de em dois mil e seis voltarem os bonecos bolorentos de uma colecção antiga às vitrinas presidenciais

olha, portugal
começo a ficar deveras ressentida!

portugal,
vou propor-te dois projectos eminentemente nacionais – porque está visto que um só não chega
que bebas um litro e meio d’água por dia, andes meia hora a pé e durmas as oito horas
e que vamos todos e todas
aprender renda de bilros

portugal
gostava de vestir-me de ti
se numa noite de inverno

Rita Grácio

Daqui

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entre mim e eu - pt. I

Respira. Respira bem fundo. Concentra-te. Não podes desviar-te um segundo que seja dos teus objectivos.
- Que objectivos?
- Os teus sonhos.
- Não tenho sonhos. Apenas ilusões, etéreas como flocos de neve que derretem mal os apanho na mão.
- Transforma-te. Transmuta-te. Encontra uma forma de tornar essas ilusões em caminho possível. Concentra-te. Aniquila-te. Liberta-te.

Não consigo. Não sei o caminho. Não tenho a quem pedir direcções.

- O que tens tu?
- Nada. Uma mão cheia de um grande nada. 25 anos de devaneios. Vinte-e-cinco, bem contados. Meia dúzia de canções e outras tantas cordas.
- O que és tu?
- Sonho e nervos. Consumo-me em sonho, em delírio. Sou nervos, todo eu. Todo o meu corpo é vida frenética, mas uma torrente sem rumo, a ser implacavelmente absorvida pelo deserto que atravesso.

Sim, sou isso. Sonho e nervos. Um espírito demasiado maior para um corpo que se desmembra e requebra de tão duro que é.

Orgulho




O orgulho de voltar a ter prazer em tocar.

The Man diz:

Das palavras

Um dia tracei um plano para te encontrar. Para me procurares. Ia escrever em todas as agendas , todos os blocos, cadernos, moleskines que encontrar a minha morada. A minha vida. Onde estou e onde não estou. Ia invadir todas as lojas, abrir tudo e escrever-me por completo, antes de ser apanhado pelos seguranças dos hipermercados ou de ser impedido de entrar nas livrarias da cidade.
Ia violar todas essas páginas em branco com o meu paradeiro, comigo, com todas as pistas de mim para ti, para me encontrares.
Só mais tarde vi que tal era impossível. Somos demasiado diferentes.
Eu gasto-me em bocados de papel com sonhos e nervos. E tu nunca tiveste uma agenda.