sábado, 25 de dezembro de 2010

It wasn't me

Sempre que tiver um acesso ébrio e não me lembrar de nada no dia seguinte, seja o que for de que me acusem ter feito, estou certo que tudo aconteceu na máxima das enocências.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Universo? És tu?

«Faça um bom planeamento económico e construa uma nova situação finaceira.
Esse é o recado do Universo neste momento.»


E a seguir vinha entregar-me um panfleto de um banco, aposto...

Castelo Branco, terra da Photo Oportunity



(1)
É bom que não tenham pago ao designer...





It's gonna be legen...
wait for it...






...wait for it...




(2)
(Pergunto-me "terá sido de propósito...?")




(3)
Scolari e o alto rendimento desportivo:
" - Só istou défêndêndu (a saúde) dos minino...!"







(1) - Carrinha de oficina
(2) - Casa de banho Residencial Telhadense
(estava por usar o balde, calma...)
(3) - Discoteca Kímika

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Enough's enough

Basta!
Basta que tentem viver a minha vida por mim!
Basta que coloquem expectativas mudas em mim, e que depois se achem no direito de virem reclamar quando não correspondo a algo que nem sabia que pendia sobre mim!
Basta que me digam para onde tenho de virar nas encruzilhadas!
Basta que façam ouvidos surdos quando tudo o que não quero é berrar!

Basta!

Basta de me arrastarem ao sabor de caprichos e inseguranças!
Basta de precaridade!
Basta de falsidades, que me batam nas costas e que me digam "invejo a tua postura", quando nunca na vida tiveram os cojones para saírem da zona de conforto e correrem atrás do que sempre quiseram!

Basta!

Basta de me compararem com terceiros, quando eu sou EU.
Basta de tentarem fingir que há dois pesos e duas medidas, e que a cabeça que me deram para pensar por mim não possa ser usada contra quem ma deu.
Basta de tentarem viver através de mim!
Basta de subterfúgios!
Basta de passar fome de tudo o que poderia acalmar a besta que remói cá dentro!

Basta...

Basta-me ser eu.

Deixem-me ser eu.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Da contestação social nos apeadeiros



Essa tem de doer

Hoje sentou-se um grupo ao meu lado no café. Não pude evitar ouvir a conversa, dado que "ao meu lado" era praticamente "em cima de mim". E acho que fiquei com as bochechas a sangrar de tanto as morder para não me desmanchar em riso.

Entre os convivas, estavas tu, e chamaste-me a atenção quando chamaram em voz alta por ti.

Anália era o teu nome. E aposto que foi a enfermeira do planeamento familiar que te deu o nome.

sábado, 6 de novembro de 2010

(Acorda!) para o Acordo Ortográfico




É mandar phoder isso tudo.



terça-feira, 2 de novembro de 2010

Armários & que tais





De homem é seguir um blogue gay. E gostar.





terça-feira, 26 de outubro de 2010

I damn you, i damn you, i damn you

- O que fazes aqui?
- Vim aqui para viver.



Estou a morrer, e este é um mundo que sangra.






On the last bus stop you told me to go sentimental.
Well... I guess i am.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Oh bummer...




Eu devia ter adivinhado. Os direitos de um gago que queria ser lucotor de rádio serem protegidos por uma espadachim de olhos vendados não iam ter um final auspicioso.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Outras Rute Remédios - pt II

Visto numa t-shirt esta semana:




"Don't mock masturbation.
It's sex with someone i love"




Entendo a liberdade de expressão. Mas temos mesmo todos de ficar a saber como o rapazinho preenche as horas livres?

domingo, 17 de outubro de 2010

O outro lado do espelho

Partir? Ficar? Partir? Ficar?
Mergulhar em realidade, no frenético, nervoso e alucinante de todos os meus dias, os dias de um homem banal; ou modelar-me a esta realidade? Ficar, não emergir do sonho em que me mantenho acordado quando estou aqui contigo?
O teu lado do espelho é muito mais doce, mais estranho, mais autêntico, mais tudo e nada, e é essa contradição, esse agridoce, esse respirar debaixo de água que me faz querer perder-me.

sábado, 16 de outubro de 2010

Love? It's overrated - III

Luz e sombras. Tu e eu.

Fumo e espelhos. Nós.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Blasfémias & Cia

Ouvido hoje em parte incerta:


Aquela gente (mineiros chilenos) lá em baixo (na mina) tinha de ter muita fé. Faz sempre bem acreditarmos que está alguém acima de nós.


Verdade. E estava. Aí pelo menos uns 700 metros acima deles.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Chegaste lá sozinho ou tiveste ajuda?

Jornal de Notícias, Domingo, 10 de Outubro de 2010

"Há alunos que entram na Faculdade com notas altas e revelam-se maus estudantes e outros, que entrando com notas baixas, acabam por ser óptimos. A Universidade do Porto começa este ano a fazer um estudo para tentar perceber por que razão isto acontece.

«Tenho receio de que muitos estudantes tenham frequentado instituições que os preparam para fazerem exames e não para saber aprender. Isso depois no ensino superior vai dar mau resultado, porque eles vão ter de ser autónomos, compreender e saber resolver problemas e não só responder a questões em exames.
(...)
Não tenho a certeza de que a classificação que um estudante traz presa à cabeça (sic) seja um reflexo do que ele é. Pensamos que devemos ter uma intervenção mais directa na escolha dos estudantes que não seja só a classificação.»"

José Marques dos Santos
Reitor da Universidade do Porto


Helas! alguém se apercebeu do óbvio. De que ao longo dos anos grassa uma permissividade e um laxismo próximos de níveis grotescos no ensino português. Que assistimos a uma predominância de um sistema de avaliação quantitativo ao invés de qualitativo, e de o factor humano, vulgo "vocação", ter sido colocado de parte, reflexo da mercantilização da educação.
Assistimos ao longo dos anos a um facilitismo por parte das sucessivas tutelas do ensino em Portugal, tanto no acesso ao ensino superior, como no trajecto da escolaridade básica e complementar, num esforço de reforçarmos as estatísticas referentes à instrução da população por comparação com as nações ditas "desenvolvidas".
No entanto, no seguimento do modus operandi tipicamente português, esquecemo-nos do efeito pernicioso provocado pela ilusão dos resultados imediatos e a curto prazo, que em nada resolveram as questões de fundo do problema educacional. A total ausência de critério que não o quantitativo, a inexistência de espírito crítico na população estudantil, que é o produto directo das políticas de industrialização educativa, ao invés da análise, cultivo e acompanhamento do indivíduo no seu percurso, perverteram o sentido máximo da criação não só de uma população instruída, mas também educada e esclarecida em termos de valores humanos, cívicos e, porque não? (heresia) - filosóficos.

A Educação é uma coisa admirável. Mas é preciso lembrar,
de vez em quando, que nada do que vale a pena conhecer
pode ser ensinado.


Oscar Wilde

domingo, 10 de outubro de 2010

Toto, I've a feeling we're not in Kansas anymore

Hoje acordei com o sol bem alto. Está um frio incomum para a época, pairam nuvens ameaçadoras de chuva no ar na linha do horizonte. Os campos estão todos cobertos de uma tonalidade verde-esmeralda, as ovelhas correm do outro lado do rio ao longe. Ouve-se um bando de corvos a crocitar na mata de carvalhos lá em baixo junto da represa. O meu pai, do alto dos seus 1,68m e vestido de verde, parecia um leprechaun.
Os meus vizinhos já estão bêbados à uma hora da tarde.

Por momentos, tive a sensação de que me deitei ontem em Famalicão e acordei hoje na Irlanda.

Começo a notar um padrão aqui








Ando a ver coisas, é isso?

sábado, 9 de outubro de 2010

A trama adensa-se. A trama condensa-se. A trama dispensa-se.

Porque há canções realmente fantásticas.








5 days can change your world
5 nights can make it turn.
I damn you, aussie girl.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

L'ombelico del mondo

Gaguejar faz com que as pessoas fiquem presas ao meu discurso e ansiosas pelo final.
Literalmente.

Recursos estilísticos




Gaguez não é handicap.
Gaguez é reforçar uma ideia.












Uma porrada de vezes na mesma palavra.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A little, pretty, witty, charming she!

All these inconvenients are incident to love: reproaches, jealousies, quarrels, reconcilements, war and then peace*.

Ter. Eun. Act I; Sc I


Cada viagem para este lado do espelho corrói-me até aos ossos. Cada correria mais e eis que surgem os cabelos brancos, as úlceras gástricas, as rugas nos cantos da boca retorcidos e os nós dos dedos requebrados em tiques frenéticos, subprodutos da tua campanha nervosa sobre mim. O omnipresente e final "mas o que raio faço eu aqui?"
É o viajar para tentar encontrar um sentido e é no fim de contas encontrar a desilusão do tamanho do mundo que nos separa.
Como pode algo tão pequenino ter contidos demónios tão grandes?





* paz que não é necessariamente boa.

Slow dawn

Descobri que deixo de gaguejar em duas ocasiões: quando estou com os copos e quando não durmo. O que não entendo é para que serviram os anos da licenciatura da terapeuta, o dinheiro e o tempo gastos em terapia da fala. Aos 7 anos de idade, bastava terem-me dado uma garrafa de Jack Daniels e/ou ácidos. Tinha tido uma infância muito menos problemática por todas as razões e mais alguma. Isso, o fígado do Capitão Haddock e o savoir faire do Maradona.








Nota: antes que me ataquem (tem-se tornado moda...) :
Dra Helena Vilarinho, sou-lhe grato por todo o empenho, esforço e dedicação que me demonstrou ao longo do meu tratamento. Se não estou "curado", a culpa é minha;
Pai, mãe, vocês sabem que sempre fui um perito em queimar-vos dinheiro;
Jack Daniels, não perdes pela demora. Deixa-te andar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Odes to one

Hoje perguntaram-me por ti. Quem eras e o que me eras.
Decidi não responder. Simplesmente és.




I'm nowhere and you're everything.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Manias da perseguição


ficção

s. f.
1. Acto! (Ato) ou efeito de fingir.
2. Fingimento.
3. Invenção (fabulosa ou engenhosa*).
4. Fábula.
5. Dissimulação.
6. Suposição (do orador para abrilhantar** ou reforçar o discurso).


Repeat after me. Read my lips.
Fi-fuckin'-ction.
Entendo que o acto de ler nos deixa a margem de manobra para retirarmos o sentido que quisermos de um texto, mesmo que isso tenha as consequências desastrosas de tirarmos livres ilações do manual de instruções de uma pistola de pregos, apenas como exemplo.
Agora, quem lê e acredita piamente que algo foi escrito para ele, só para ele, que ele é o visado, ainda para mais quando lemos algo ficcionado, bem, news flash: tem um problema bem sério para resolver.
Entendo também (não sou assim tão injusto) que quem diz o que quer, arrisca-se a ouvir o que não quer. Verdade. Mas também ninguém é obrigado a ouvir as palavras da primeira instância.
Which brings me to :

ENTENDO ainda por cima (porque para além de justo sou um tipo sensato) que se nos sentimos de alguma forma melindrados pelas palavras ouvidas numa primeira instância por: a) não termos conseguido furtar-nos a cruzarmo-nos com as mesmas (ainda que isso derive de uma escolha premeditada de vir aqui e ler o que escrevo, o que logo à partida retira toda a validade ao discurso) e b) acharmos que por um acaso remoto, somos nós os visados pelas palavras, mesmo quando (suspiro e reforço) tudo se trata de ficção - que haja direito ao uso do bastante democrático "Direito de Resposta"; news flash mais uma vez: isto não é um jornal, trata-se de merdas, baboseiras, palermices que escrevo. Se viso alguém, ponho nomes. Se exigem um qualquer tipo de direito de resposta, pelo menos identifiquem-se. Que eu conheça, só D. Quixote lutava contra moinhos de vento.

Have a nice day, everyone.

*: gosto da parte do "engenhosa", inflama-me o ego;
**: gosto do abrilhantar porque sim.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não fui eu quem disse, foi o Profeta





The Man diz:




Love? It's overrated - II

Ela dizia-lhe que ele vivia agarrado ao passado; e todo o tempo foi sempre ela quem não teve, e continua a não ter, coragem de o enfrentar.

Entendê-lo seria como enfrentar-se a si mesma; e nós somos de longe muito mais assustadores aos nossos próprios olhos.

Fugir ao assunto foi sempre mais fácil do que debatê-lo, quando vemos no outro em espelho, replicados na perfeição, todos os nossos demónios.

Da frugalidade

Descobri que o padre da paróquia onde vivem os meus pais, aliado ao facto de "pastorear" também a paróquia vizinha, arrecada qualquer coisa como cerca de 3000€ mensais, fora a casa, mesa, roupa lavada e contas pagas.


Estou a pensar em mudar de carreira. 5 aninhos de celibato, aturar beatas e acordar cedo ao Domingo.


Ao fim disso, vou evangelizar uma ilha qualquer nas Caraíbas.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não durmo porque tenho sono, e isso faz-me perder

Where the willows weep and the whirpool sleeps


Levantei-me e pela primeira vez estou a ver um nascer do sol em muito muito tempo. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que o fiz, e faço-o hoje como se de uma primeira vez se tratasse. O sol aquece-me depois da noite mal dormida que tive, depois de acordar vezes sem conta sem te sentir e virar-me desesperado para te abraçar, para te tocar e queimar-me no teu calor.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Outras Rute Remédios

"Os revoltados do costume, incluindo uma comissária europeia, acham que a expulsão de uns ciganos (e eufemismo em voga é «roma») de França representa um novo Holocausto.
Eu tenho as minha dúvidas."

Alberto Gonçalves, sociólogo
Diário de Notícias

"Comissária Europeia", mas da Justiça. E é de Justiça, ou antes, injustiça, que se trata aqui. Não me parece de todo que um acontecimento desta gravidade possa ser encarada como sendo uma simples "exaltação" dos suspeitos do costume.
Pelo menos, não ao abrigo esfarrapado do "liberté, egalité, fraternité", que é despudoradamente tratado à cacetada diplomática.
Eu também tenho as minhas dúvidas. E não são nada novas.

"Brutos sem Bê maiúsculo
A consciência é um ventre e o coração é um músculo!
Cantai, gozai, bebei até romper a aurora!
Atirai o pudor pela janela fora, como um charuto mau que se apagou!
Canalhas!!"

Guerra Junqueiro

sábado, 18 de setembro de 2010

Ele é que sabe

What will it take?
What will it take to whipe that smile off of your face?
Are you ready to be?
Ready to bleed?

Pequenas pérolas




Acredito que há "a" pessoa para "o" momento. E esse momento podem ser 2 minutos, um dia, 5 meses ou uma vida.


Só não entendo o porquê de certos momentos não durarem quanto gostaríamos que durassem.




quinta-feira, 16 de setembro de 2010

El Presidente

"Uma ou outra expressões usadas pela Sra. Reding no calor do momento podem ter suscitado mal entendidos."

Eis que ele surge, mais uma vez, não no papel de desertor, não no cargo de Presidente da Comissão Europeia, mas sim no de cozinheiro; já que, como sempre, tudo o que faz em relação aos enfant terribles é de vez em quando pôr uma águinha na fervura.

Senhoras e senhores, convosco:



"Portanto, como podem ver tenho as mãos lavadas. Aliás, como sempre, antes de qualquer cozinhado, lavo-as sempre muito bem. Daquela vez que preparei cous-cous à Iraq com o Jorginho e o resto da malta; do Watersooi quando me mudei para Bruxelas... E agora, a vichisoise com o Nicolas, que é um garfo cá dos meus."







Sarkozy em dueto com Gipsy Kings: "Volare" (p'ró vosso país)

O Secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês, Pierre Lallouche, estala o verniz:

"Este género de deslizes não é conveniente. A paciência tem limites; não é assim que uma pessoa (Viviane Reding, Comissária Europeia da Justiça) se dirige a um grande Estado."

Podia pegar por uma série de questões. Pelo facto de estarmos a assistir a deportações que, se não são ilegais, são no mínimo absolutamente amorais, já que a França sentiu na pele o estigma das perseguições étnicas ainda no século passado sob o jugo Nazi, e se o passado não fala mais alto, mais uma vez grassa a política do "olhar para o lado e assobiar"; pelo facto de Nicolas Sarkozy ser ele mesmo descendente de imigrantes russos, o que revela logo à partida uma incongruência ao nível do "eu cheguei primeiro, nhé nhé nhé"; pelo facto de mais uma vez, uma minoria ser responsabilizada pelas sucessivas falhas políticas na gestão social do "fondue" cultural que é hoje em dia a França (ia colocar "melting pot", mas ainda vinha um escargot afectado por aí abaixo refilar).
Mas não. Tão somente pelo facto de mais uma vez (e perdoem-me todos os francófilos), a arrogância desse "grande Estado" ser de uma afronta petulante. O que vão fazer a seguir? Aplicar sanções e privar-nos de croissants e Le Coq Sportif?

Na perspectiva da dicotomia acção-reacção, se pela vaga de instabilidade social paga uma minoria étnica, para mim, pelo retrocesso provocado na Europa enquanto bastião de liberdade e tolerância, pagam todos os franceses na minha consideração pelos seus legítimos e livremente eleitos representantes.

E ainda me perguntam por que não gosto de franceses...?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Marketing 101




Já imagino isto estampado em t-shirts por essas discotecas fora.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Marcel Duchamp contra-ataca


Depreendo que se trate de uma instalação. Sendo arte, é suposto olhar para ela e retirar de forma intelectual a sensação que teria se de facto pudesse usufruir da mesma.

sábado, 4 de setembro de 2010

Idade do Lobo

«Fumar tira-nos dez anos de vida. Bem, são os piores dez anos, não é, amigos? São os do fim! É a porcaria dos anos da cadeira de rodas e da diálise. Podem ficar com esses anos! Nós não os queremos, pois não? E, tendo isso em mente, toda a gente a acendê-los e tenham um bom dia.»

Denis Leary


Aparte de ser definitivamente um fumador compulsivo, obstinado, consciente e irredutível e estar firmemente de acordo com este senhor, tenho uma outra motivação. Não quero, de forma alguma, chegar a uma idade em que o ponto alto da vida é compararmos com os amigos a quantidade de ferramenta que temos na garagem.









Literalmente.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Chtob vse byli zdorovy!!

Devia deixar esta página em branco, que seria o reflexo de como me sinto neste momento. Um grande nada, e fico por aí.
Estes foram dias atribulados e que vão sem dúvida alguma cobrar o seu preço, mais cedo ou mais tarde. O que poderia colocar por palavras aqui e hoje não o consigo escrever. Demasiado grande.
Enchi a taça muito depressa e ela transbordou. Jorrou tudo fora, e agora fica isto.
O vazio e a ressaca.





Ia colocar "Na zdorovje!" como título, mania de tentar mostrar que sou um poliglota, mas daqueles pilantras. No entanto, descobri que não existe nada mais errado que isso. Descobri aqui. Só para tirar as dúvidas, aconselho! Caso tenham de beber muito lá fora.

So true

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Perdido e Achados

A dificuldade em acordar e sair da cama é directamente proporcional ao frio e à chuva que faz lá fora e ao número de edredons que temos na cama. É uma observação empírica, que constato todos os dias nesta maldita cidade, em que o frio parece entranhar-se nos poros e a humidade insiste em fazer-nos suar abaixo de zero e condensar-se nos dedos.
"Mais um projectinho?" - foram estas as palavras que mais me fizeram pensar quando saí da cama hoje. Ontem, quando ditas, não. Estava demasiado bebido e abstraído para meditar nelas ou sequer ripostar com o meu interlocutor.
Devia ter o interruptor da indignação desligado....

Braga
28 de Janeiro de 2009

Ressaca

Ressaca de sentimentos. Era o que nesse dia lhe martelava a cabeça. Massacrava-o até à medula dos ossos, quase lhe fazia saltar os olhos das órbitas. Não era suposto. Os seus caminhos pareciam finalmente convergir, dirigir-se para o mesmo ponto, e ainda assim parecia tudo tão etéreo, tão vazio.
"Our minds and bodies just sensually click / I fall between your boobs and you on my dick." Tinha sido mais ou menos isso que tinha acontecido nesse dia, e ainda assim tudo pareceu ficar ali. O calor ficou no meio dos lençóis, e tudo acabou por se tornar gelado como a chuva que caía lá fora. Cada qual seguiu o seu caminho, e a maior angústia era ter a vaga noção que do outro lado era isso que grassava também.
Há muito que tinham deixado que o frio se instalasse, e ambos sabiam que não eram pessoas de meios termos. Eram ou não eram; tinham ou não tinham. Escolheram falar, mas mas ambos tinham perdido os dicionários com que se decifravam mutuamente.
Perderam-nos e para desespero dele, parecia não haver volta a dar, quando não eram sequer capazes de se manterem juntos na mesma cama.
Amargo de boca do que podia ter sido.

Epifanias e coisas que tais


Há coisas que às 5 da manhã fazem todo o sentido na nossa cabeça.
Sim, hoje acordei revoltado com o Mundo. E sabem que mais? Sinto-me muiiiiiiiiito bem!!
Às vezes é o que nos faz falta. Em vez de andar para aí "ah, o mundo é tão bonito, la la la, estou em sintonia comigo mesmo e com o Universo", é mandar tudo para o real arvoredo.
"Sê como a rã no charco" my balls!!
Estrelinha que te guie, diria a minha avó.
Universo, tem um bom dia, hoje mando eu ^^

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Eram p'raí 7 e pico...

Mescaline.
Mezcal Inn.
Mezzanine.
Magazine.
Breathe in.
Fall in.
Fallin'.
Heroin.
Cocaine.
[This cocaine makes me feel like
i'm on this
]
Song.
Wrong.
Coffee! (strong)
- A Scotch!!
Deboche.
B(r)osch (é bom!!)
Ka-Boom!!
Doom.
Mine. (All mine...)
Divine.
Divide.
Conquer.
Suffer.

Listas

Estive (e ainda estou) tentado a fazer um apanhado de 26 anos e listar todas as pessoas que alguma vez conheci. Fazer uma lista (tarefa hercúlea) com os nomes de amigos, colegas, familiares, conhecidos, gente que gosto, gente que não gosto, até colocar mesmo aqueles que não conheço o nome mas com os quais troquei algum tipo de impressão, nem que seja "o miúdo de óculos à John Lennon de Cernache" ou "a miúda que me fez companhia uma tarde inteira no calor do Verão à espera dos comboios atrasados".
Aliás, acho que devia escrever o nome e as primeiras duas ou três palavras que possam assomar-me à cabeça.
Elaborar uma lista (mais uma) com essas pessoas, tanto as que me deram como as que me tiraram.
Devo tanto a umas como a outras.
A minha homenagem.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Chamar os Bois pelos Nomes

Existia há uns anos, não muitos, a tradição e o brio de honrarmos um nome, principalmente o nosso. Aparentemente, é um acto que se mantém amiúde entre alguns de nós, por outros nem tanto, mas nem sempre por vontade própria.
Há casos gritantes de desrespeito do nome que nos foi atribuído, por vontade de terceiros ou por força da linhagem. Vejo pelo meu caso (um desrespeito absoluto), em que não poucas vezes, quando dou o meu nome na lavandaria, no clube de vídeo ou na padaria, me disparam automaticamente com um "Ah é? Mas é o piloto de Fórmula 1?" (hoje em dia já nem tanto, fruto da despromoção do meu homónimo da ribalta da prova rainha da queima de combustível); logo a mim que, perdoem-me os meus pais e a "linhagem" pelo desrespeito, nem conduzir sei. É um desrespeito consciente e preguiçoso, logo, reprovável. Um caso menor, digo eu.
Outro desrespeito conduz-me não raras vezes ao facto de que uma das pessoas mais bonitas que conheço tem por apelido de família "Feio". Um desrespeito que considero mais do que justo.
Foi por intermédio do Pedro Paixão, outro que mantém o respeito pelo nome, e quem o ler saberá de conhecimento próprio do que falo, que aprendi que entre os judeus, o nome tem uma importância primordial, por força da tradição. Assim, qualquer judeu que nasça com o carimbo "Cohen" na certidão tem o peso da tradição nas costas, e carrega com ele a obrigação de honrar esse nome ancestral.
Gostava que certas pessoas que ostentam orgulhosamente nomes sonantes se preocupassem mais em cuidar da herança que lhes foi encarregue. Existe um nome, sinónimo de sapiência, sabedoria e capacidade de pensamento, carregado por um senhor da nossa praça (que não tem grande poiso aqui na estalagem) que eu gostava de ver respeitar o nome que os seus progenitores, qualquer que tenha sido o motivo, lhe imputaram à nascença. Será o primeiro caso em que por certo temos milhares de pessoas a apelarem ao Registo Civil para alterar uma certidão. Tamanho desrespeito pelo nome de Sócrates tem de ser sanado com urgência.

domingo, 22 de agosto de 2010

For those about to rock



Hell Yeah!!!


A partir de hoje, convosco, na Mezcal Inn, The Man. The Man himself será o barómetro da "coolness" dos conteúdos que passam pelo lobby.

Errata




"Em verdade em verdade vos digo: será mais fácil fazer passar um rico montado num camelo pelo buraco de uma agulha que um senador entrar no reino dos céus."



We're all living in America,
America is Wunderbar

sábado, 21 de agosto de 2010

Da Relatividade - Episódios na Mezcal Inn

(Banco do balcão 1) - Quando somos novos, a Urgência de amar leva-nos uma e outra vez a correr para os braços da Desilusão; e lamentamos amargamente cada recaída.

(Banco do balcão 2) - E quando somos velhos, o Desespero de sermos não amados leva-nos a correr mais uma vez para os braços da Desilusão; e lamentamos amargamente não termos corrido mais vezes quando tínhamos tudo nas nossas mãos.

Dos filósofos

"O Silêncio é um amigo que nunca trai."
Confúcio




.... sou só eu quem acha que isto é fugir com o rabo à seringa?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Da secção "Pensamentos e intenções do dia"

Quero que te fodas.

Com outros.

Mas que ainda assim te fodas.





^^

The Man says:

Corta & Cose também é Política




Era tão dedicada à moda que achava que Mussolini era um tecido.




O crime perfeito

Desceu as escadas mais uma vez, mais uma noite, como já há muito tempo fazia, cumprindo os pequenos rituais diários. Desencostava o frigorífico da parede, abria a porta que se escondia por trás dele, descia as escadas de madeira para a cave e só ligava a luz, um ténue candeeiro de secretária depois de ter acendido um dos Pall Mall que levava consigo para a bruma. Noite após noite, há tanto tempo que não se lembrava já do quanto, ele recolhia-se até de madrugada sentado naquela cave vazia, ocupada apenas por uma secretária espartana e uma resma de folhas de papel amarelo. Descia para escrever.
Tratar-se-ia de um cenário comum, um qualquer candidato a escritor com laivos de melodramatismo exacerbado, não fosse a forma e o propósito de tal empresa. Sentava-se sozinho, e após devorar o cigarro, acendia o candeeiro e começava a escrever. As palavras saíam-lhe quase de rajada, o que não seria de admirar, já que durante todo o dia pensava nelas. Havia um fio condutor no raciocínio, não era um exercício de espontaneidade o que se passava naquela cave. Congeminava durante o banho no que iria escrever. Durante as reuniões de planificação no trabalho, ele imaginava a acutilância de um advérbio, e enquanto atravessava a paisagem cinzenta da cidade encurralado entre os corpos da hora de ponta nos autocarros imaginava como um simples ponto e vírgula teria o efeito de mais um aperto na garganta dela.
Escrevia para ela, e fazia-o por vingança. Todas as noites descia para um lugar mais escuro do que a cave onde se encerrava em segredo para escrever-lhe um livro. Um livro que continha só e apenas a vingança dele sobre ela. O seu móbil era frio, simples e escorreito: matá-la. Matá-la-ia com a estória que cravava com a BIC preta no papel amarelo grosso, noite após noite. Estudava a forma de encerrar o veneno mais antigo que existe nas palavras que escrevia: o ódio dos abandonados.
Era o crime perfeito. Uma leitura, uma única leitura de uma só assentada, presa às palavras dele, presa ao papel, agarrada a uma leitura esfaimada, e no final, a morte silenciosa, sem vestígios, sem marcas, sem sujidade. Uma morte limpa.
Era obrigado a um esforço sobre-humano, que o consumia até à exaustão. As palavras nunca tinham tido dificuldade em visitá-lo e dançarem-lhe na ponta dos dedos, transmitidos por essa batuta permanente que comandava com a mão direita em traços finos e longos. Não, nunca tinhe tido dificuldades em escrever. Mas como escrever de forma a prender-lhe a atenção até ao final? Sim, era imprescindível que ela lesse o livro até ao fim, que devorasse, lenta mas continuamente, as palavras que lhe dedicava. Teria de ser como uma maçã envenenada; podemos espalhar o veneno na superfície, mas é imperativo termos o máximo dos cuidados. Demasiada concentração numa pequena porção e o sabor vai levar a que recusemos a degustação logo na primeira dentada. Demasiado espalhado e corremos o risco de ficarmos saciados antes de ingerirmos a quantidade necessária para que ele se manifeste. Não, o veneno nas palavras, nas páginas do tomo tinham de ser na dose necessária para matar, mas tinham de ser doces, cativantes, de um certo modo viciantes até; queria matá-la, mas queria fazê-lo da forma mais cruel, queria que o estertor fulminante da agonia final fosse dominado pela incredulidade do prazer.
Por isso ele não tinha outra preocupação senão imaginar na sua cabeça, forçar cada palavra a articular-se de forma a que estivesse lá, nas doses certas, o móbil máximo da obra.
E assim, durante o dia, ele descia até um lugar mais escuro que a cave, um lugar que ficava bem escondido dentro dele, para conjecturar, para delinear mentalmente cada porção da estória. Sabia-a de cor, sem falhas. Cada letra, cada palavra, cada capítulo, tudo se encontrava gravado na memória dele, como se o seu cérebro fosse uma complexa prensa de Guttenberg, com cada caractér pronto a morder o papel e lambuzá-lo de tinta pegajosa e espessa.
Aproximava-se o fim. Ao fim de todos esses meses, ele tinha finalmente chegado ao capítulo final. Faltava-lhe apenas o parágrafo em que o personagem se levanta do balcão do bar em que se encontra a beber um licôr de café e atravessa a porta em direcção à resolução da estória. Mas, fruto do acaso, ou de qualquer outra vicissitude, nesse dia, entre o esforço para se manter concentrado na reunião trimestral com o chefe de equipa e o lembrar-se de comprar a coleira nova para o gato, por um qualquer motivo que o arrancou à rotina cerebral, não arranjou, pela primeira vez, as palavras. "Menos mal", pensou, "sempre me dá o tempo suficiente para acabar de me preparar." Era uma noite de celebração. Abriu a garrafa de Jack Daniels que tinha guardada por baixo do televisor que de resto, nunca ligava, e bebeu um trago. "E porque não dois? Afinal posso alongar-me. Hoje, ponho um ponto final." Ao fim de cinco doses, resolveu-se finalmente a arrastar-se até à cozinha e arrastou o frigorífico que lhe escondia o acesso ao tugúrio onde se encerrava. Acendeu o cigarro e desceu as escadas com ele aceso no canto dos lábios, garrafa numa mão e BIC na outra, como um punhal que carregava lesto, desembainhado da tampa plástica e pronto para a matança.
Sentou-se na secretária e acendeu o candeeiro, pronto para encerrar por fim o capítulo e dar a última pincelada de curare na ponta da flecha que tinha apontada ao coração dela, qual Cupido caído. As palavras começaram a afluir-lhe à mente, uma após outra, e ele aguardava antes de as marcar no papel, revendo-as, vendo-as dançar na cabeça como sempre fizera desde miúdo, embebendo-as no caldeirão de sabath que tinha encerrado dentro dele e imaginando as bruxas a dançar com elas, adorando a Besta que presidia a essa reunião improvável entre as palavras e a morte física.
Fechou os olhos, consumindo-se em nervos até que elas finalmente tivessem um encadeamento, uma lógica, que rasgassem como espinhos, cravassem a carne como a presa da víbora e lhe provocassem tanto prazer como se fossem um corpo que lhe tocasse exactamente da forma que ela sempre sonhara, levando-a insuspeita nos braços de Dionísio até aos pés de Medusa para um último beijo antes da respiração entrecortada se extinguir num último gemido. Por fim, elas perfilavam-se, desfilavam na mente dele, uma após outra, e ele via-as, a descreverem círculos em espiral, passando em frente dele, através dele, sair do corpo e entrarem de novo. Via-o a levantar-se do balcão, esmagar o cigarro no cinzeiro já cheio, a tonalidade da luz condensada em adjectivos, o fumo que pairava na penumbra, a luminosidade que entrava pelo vidro da porta a anunciar a manhã. Viu tudo, e via como isso era difícil de parar, era impossível resistir, sim, ela vai ter de ler até ao fim. Tomou nota mental de que a última palavra teria de ser colocada de forma isolada na última página, em ímpar, para que o pathos fosse prolongado, a curiosidade levada até à ansiedade de virar a página, como quem vira uma esquina numa correria sôfrega e desenfreada e carrega sobre uma espada nua apontada a nós, pronta a rasgar-nos até à morte. Sim, ele sentia isso, o tremor da excitação, podia saborear como ela iria reagir, levada até à palavra que se formava agora na cabeça dele.

Encontraram-no três dias depois, caído para trás na cadeira de encosto, depois de a vizinha do lado estranhar o facto de ele não ter recolhido o correio que se acumulava à porta. Encontraram-no ainda com o filtro queimado do cigarro nos dedos, apertado quase até se desintegrar, e estilhaços da BIC esmagados na mão direita, "tal força deve ele ter feito no último momento", afirmou o paramédico ao inspector de polícia que recolhia indícios; "apoplexia fulminante" ditava o relatório preliminar do médico legista; "pobre coitado", dizia o senhorio.
Recolheram o que se encontrava na cave para análise forense: um candeeiro de latão e uma resma de folhas amarelas, organizada e carregada de traços longos e finos, que eram a caligrafia de alguém a quem urgia o tempo. Uma arma, era o que eles recolhiam. Particularmente inofensiva agora, já que a porção final de veneno tinha ele consumido na última noite, enquanto as palavras o atravessavam e dançavam através dele, acumulando-se com o restante veneno que ele sabia de cor e salteado no âmago.

A pedido da família, o manuscrito foi-lhe entregue a ela, já que no frontispício se encontrava a dedicatória, com o seu nome inscrito. Leu-o numa noite, deliciada com o que lhe saltava na mente ao ler as palavras que ele lhe dedicara, ao contar aquela estória densa e apaixonante. Mas faltavam-lhe os parágrafos finais, os derradeiros, o clímax último. "Afinal de contas, eu tinha razão", pensou enquanto guardava a resma numa caixa de sapatos; "nunca foste capaz de levar nada até ao fim."

Jardinagem Aplicada

I can't go on digging roses on your grave.





Umas coisas morrem. Outras nascem.
Every new beggining comes from some other beggining's end.




segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Síndrome "My Name Is Earl"

Entrei numa espécie de prisão kármica; e o Universo acabou de mandar um sabonete para os meus pés.




O dia promete....

sábado, 14 de agosto de 2010

Word

"Questiona tudo!!!"

































... porquê...?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Verdades



É um debate com mais de duzentos anos, o que Emanuel Kant e Benjamin Constant travaram. E eu inclino-me, irremediavelmente, para Constant: torcer um bocadinho a verdade pode ser útil. Já Kant dizia que se um assassino nos pergunta pelo vizinho, é imperativo dizermos onde ele está.



Teorema da "Trela Curta" : da política ao amor

- "E os homens têm menos receio de ofender alguém que se faça amar do que alguém que se faça temer; porque o amor mantém-se por laços de obrigação que os homens, por serem maus, rompem sempre que surge ocasião mais proveitosa; o medo, porém, mantém-se pelo temor do castigo, que nunca os abandona."


- "Portanto, voltando ao que disse acerca de ser temido ou amado, concluo que, dado os homens amarem segundo a sua vontade e temerem segundo a vontade do príncipe, deve um príncipe sábio basear-se no que é seu e não no que é de outros, e deve apenas usar de todo o seu engenho para não ser odiado."


"O Príncipe"
Maquiavel


(É de mim, ou ando a ler coisas onde elas não existem?)


"Res dura, et regni novitas me taglia cogunt
Moliri, et late fines custode tueri"
Eneida, I, 563-564

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

He's got the whole wide world (in his head)

"Chegada a noite, retorno a casa e entro no meu quarto; à porta, deixo as roupas quotidianas, cheias de barro e lodo, visto roupas dignas de rei e, vestido assim condignamente, penetro nas antigas cortes dos homens do passado onde, por eles recebido amavelmente, me nutro daquele alimento que é só meu e para o qual nasci; não me envergonho ao falar com eles e perguntar-lhes das razões das suas acções.
Eles, por humanidade, respondem-me e não sinto durante umas horas qualquer tédio, esqueço todas as aflições, não temo a pobreza, não me amedronta a morte; transfiro-me inteiramente para eles."




Temo que a esquizofrenia adquira contornos demasiado subtis para quem se acha são; que viva no nosso vão de escada. E que se deite connosco na cama.



"Para ser rei, só lhe faltava o Reino."
Justino

sábado, 7 de agosto de 2010

Ao meu avô

Guardo para sempre comigo o momento em que o meu avô chegou de viagem há muitos anos atrás. Era já bem tarde quando chegou a casa, que tinha ficado sob minha responsabilidade na ausência dele, e só isso já me fazia sentir "crescido" do alto da minha adolescência galopante em necessidade de afirmação. Chegou como qualquer idoso, cansado mesmo depois de duas semanas de férias, mas com a energia que sempre lhe conheci e que ainda hoje, volvidos 10 anos, ele continua a manter.
Por entre os beijos, os abraços e as recordações trazidas do mundo para mim desconhecido mas certamente maravilhoso dos Algarves, vejo-o nem cinco minutos aguentar em casa, virar costas sem sequer despir a roupa da viagem, e caminhar para a entrada.
Levanta-se logo a voz da minha avó "mas onde vais tu a estas horas?", justamente, já que há uma da manhã não há muitas outras perguntas que possam fazer-se a quem chega de mais de 8 horas de caminho. O meu avô vira-se e respondeu-lhe com um ar solene e ainda assim com a simplicidade da constatação da coisa mais óbvia do mundo "vou dar uma volta lá em baixo, ver as coisas que eu vi crescer, as coisas que eu amo."
Hoje que é a minha vez de chegar de viagem, tenho pena de não ter comigo as coisas que amo. Ainda mais as pessoas. Mas guardo bem gravada na memória a recordação dessa ternura de quem viu mil vidas crescerem em frente dos seus olhos.
Um dia quero ter essas coisas.
Um dia, avô, quero ser como tu.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Love? It's overrated.




Ele: Qual é o teu maior sonho?
Ela: Não tenho nenhum.



Era nessa altura que devia ter-se acendido
a luzinha vermelha na cabeça dele
.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Desde que te conheço

Sherazade e todas a Mil e Uma Noites condensadas numa só. A Guerra dos 100 Anos num suspiro. Dorian Gray num piscar de olhos. Viver suspenso, Mathusalem de uma noite só, imortal enquanto viva. Para que de manhã, se esta chegar, possa finalmente descansar tudo o que não pude enquanto vagueava na minha vida, Florence Nightingale sem ninguém para velar.
Mergulhar na malha do tempo, respirar debaixo de água, Jacques Cousteau imerso nas idiossincrasias de mim mesmo. Viver tão devagar que vejo todos a envelhecer, à velocidade da ampulheta dos nosso corações, à velocidade do Som, do meu som. Esperar sentado nas escadas de casa pelo nascer do sol e deixar os meus ossos aquecerem debaixo da luz da manhã.
Afagar uma última vez os teus cabelos, enrolar madeixas nos meus dedos, pequenos parafusos de Arquimedes que recolhem as minhas lágrimas silenciosas. Deitar a minha cabeça no teu colo e deixar os teus dedos pequeninos navegar no mar revolto do meu cabelo.
Trair a melancolia que me assiste (quem diria que a tristeza pudesse ser tão formosa...?)
"É tempo".
Foi uma longa noite, e vivi mil vidas num crepúsculo só. Os teus lábios sobre os meus, chakra elemental, Nirvana de nós, Zen pessoal. É demasiado o sol que castiga os meus olhos velhos e cansados. Rebolar devagarinho para o lado como nos domingos de manhã, "deixa-me dormir..."
Não apanhes demasiado sol.
Não te apaixones por querubins.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A ilusão

Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos, como um deus




e amanheço mortal.




O Silêncio das Estrelas
Lenine

segunda-feira, 12 de julho de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

For what it's worth

Ligaste-me para um café. Vais embora. Demasiado cedo, demasiado tarde, e como sempre as razões para essa dicotomia vão ficar por dizer. Repetimos que não gostamos de palavras, que estas nos traem de cada vez que as usamos, mas na verdade temos muito medo de falar. Temos bem presentes as razões que nos afastam, mas somos incapazes de confessar as que nos mantêm juntos.
Não te/me/nos entendo.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Do Inferno



Hoje era um bom dia para desaparecer.


Ah, espera... Já estou...

sábado, 19 de junho de 2010

Imaginava-me assim para sempre

Calor e Sol.
Esplanada.
Óculos escuros
um Camel
Martini.
Perdoa-me, penicilina.
O renascido em mim
Não se permite a esperas clínicas.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Honestly




I believe
I believe
I believe
I believe the love you talk about with me
Is it true, do I care
Honestly, you can try to wipe the memories aside
But it's you that you erase

'cause there's no place that I could be without you
It's too far to discard the life I once knew
Honestly, all the weather storms I bring
Are just a picture of my needs
'cause when I think of you as mine
And allow myself with time
To lean into the life we want
I feel love, honestly
I feel love, 'cause honestly

I believe you mean the best that life can bring
I believe in it all
Honestly, you can try
Your heart is just as long as mine
Is it ours? To let it go

'cause there's not place that I could be without you
It's too dark to discard the life I once knew
Honestly, a single wrong is not enough
To cover up the pain in us
'cause when I think of you as mine
And allow myself with time
To lean into the life we want
I feel love, honestly
I'll make a joke so you must laugh
I'll break your heart so you must ask
Is this the way to get us back?
I don't know, honestly
I don't know
'cause honestly...

There's no place that I could be without you
Honestly

There's no place that I could be without you
There's no place that I could gleam without you
There's no place that I could dream without you
There's no place that I could be without you
Honestly

Lamento, lamento, lamento






Morena :)

My Engine is with you


"Lisboa, Lisboa (...)"

Nunca gostei de Lisboa. Mas depois da minha investida por terras mouras, ficam as considerações:

- A cidade cheira mal que dói;
- Por outro lado, o sabonete das mãos do Amoreiras Plaza cheira a chiclet de morango

Consideremos isto um empate.

Entre Mim e Eu - pt III

Respira fundo. Olha para lá de ti, das ondas do mar agitado da tua vida.
Fecha os olhos.
Deixa-te cair.
- Apanhas-me? Seguras-me?
- Apenas se quiseres sentir-te seguro. Queres?
- Não sei.
- O que queres tu?
- Quero-me a mim. A mim e a todas as quimeras que me preenchem.
- O que queres tu?
- O que queres TU?
- Quero salvar-te.
- De quem?
- De ti e de mim mesmo.
- Achas que há tempo? Que há hipótese?
- Responde apenas. Não perguntes.

Fecha os olhos. Respira. Não adormeças.

- O que queres tu?
- Não sei.
- O que és tu?
- Não sei. Não sei.... NÃO SEI!!
- O que queres ser?
- Eu.
- Já és.
- Não chega.

Tic-tac

- O teu tempo escasseia. Não tens muito mais.
- É o que mais quero.
- O quê?
- Tempo.
- Não o tens. O pavio da tua vela está cada vez mais curto.
- Tenho medo da viagem que me propões. Que se acabe o chão debaixo dos meus pés. Que a luz ao fundo do túnel seja afinal de contas apenas mais um comboio.
- O que és tu?
- Sou quase eu.
- O que te falta?
- Tu.
- Que tipo de ideia é "tu"? Revolução ou serenidade? Príncipe ou Besta?
- Todas elas e nenhuma.
- O que te trouxe aqui?
- O que te trouxe até mim?
- Tu. Eu. Tudo e nada. O tudo que queres ser e o nada que somos. E ao mesmo tempo eu sou mais que tu, que juntos somos um e nenhum.

Abre os olhos! Deixa entrar a luz.

- Não posso... Dói...
- O que te trouxe aqui?
- O passado. A vontade do futuro. "Closure". A palavra.
- Mas que palavra? Acaso terei falado?

As palavras não se falam apenas. Palavras são ideias. Já existiam ainda antes de as pensares. Existiam antes ainda de as dizeres.
Qual a palavra que me trouxe até ti?

- Não sei.
- Di-la. Vai libertar-te.

Di-la, parvo! Abre a boca e deixa jorrar essa torrente. Abre os olhos. Deixa entrar a claridade. Vai doer, mas não tens hipótese.

- O que te trouxe aqui?
- A palavra.
- Que palavra?
- "Paz".

Respira. Concentra-te. Não é essa. Olha para lá disso.

- Que palavra?

Expira. Descola os lábios. Cura-te.

- "Homem".

Fecha os olhos.
Sê benvindo a ti mesmo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

The Word made Flesh





E poderá o Amor tornar-se Veneno?




domingo, 23 de maio de 2010

Desculpem o cliché, mas...

Hoje era aqui.
Hoje foi isto.





Porque há coisas que são realmente belas.
E há coisas que deviam ser omitidas dos meus olhos e ouvidos.
E é Lá, Aqui, seja onde for, que eu devia estar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Indifference is killing me




Farah, now that we're here
Can you tell me
Exactly how I should have done?
Farah drives with her eyes closed
Do you ever
Inflict unwanted memories?

I know you
And I know it won't take you long
To make me smile

Farah, angelic girl
I'll have you know
It's you and me potentially

Farah, don't pull the carpet
From underneath
Indifference is killing me

Am I wry?
Oh my! Fallacy Fallacy in my words,
Am I wry?

I know you
And I know you're not afraid
To say the least

Diamond ring, diamond ring
But you can't find it
Cold is the night

sábado, 15 de maio de 2010

"Romeo Is Bleeding"

Há já meses que tinha entrado naquele limbo. Um arrastar de dias, uma sequência mais ou menos lógica de acontecimentos, mas apenas do lado de fora do apartamento onde voluntariamente se tinha encerrado. Parecia-lhe apropriado, e adaptou a si mesmo o ambiente daquela sala e que condizia com o estado de espírito que lhe pesava.
Durante 3 meses voltou a um estado quase gestacional. Cerrou as cortinas e os estores das grandes janelas de vidro duplo e apenas lhe chegavam os ecos difusos de um mundo que se desenvolvia no exterior. Como se dentro do ventre materno de novo, experimentava o mundo apenas indirectamente.
Começou a despertar lentamente, primeiro com o levantar-se do sofá e percorrer as assoalhadas mais ou menos vazias, começar a escolher roupa para se vestir, do meio dos roldões amarrotados que ela lhe tinha deixado empacotados e deixado à porta de casa para ele recolher. Desde que ela o deixara, era ali, naquele espaço que se recolhia.
Iniciou pequenos rituais diários. A preparação do "Cerelac" com que se alimentava fazia semanas, programar o vídeo para gravar os filmes arrastados da 2 caso o sono o vencesse, tomar um duche e fazer a barba de 3 em 3 dias.
Os dias, esses, avançavam sem que sentisse. Colocava Jeff Buckley no gira discos e arriscava pequenas coreografias de tai-chi, reminiscências de um passado ligeiramente mais espiritual.
Começou a elaborar pequenas refeições que não à base de farinhas lácteas, que iam escalando em complexidade com o tempo e ao sabor dos caprichos do palato.
O tabaco chegava-lhe às sextas-feiras, dois volumes, juntamente com as mercearias, com a providencial visita da mulher a dias, a quem confiava as chaves mas de quem fugia na hora em que entrava, e recolhia-se trancado no único quarto que havia, fazendo questão de deixar uma lista com as compras e o sempre sublinhado "por favor, feche as persianas ao sair" no final.
Uma manhã em que o céu se tinha colorido de côr de papel pautado,pardacento, monocórdico e alinhado (não que tivesse grande interesse para o nosso sujeito), ele pressentiu a luminosidade que escapava pelas frestas da porta do corredor do prédio, e colocou os óculos escuros antes de deambular pela penumbra. Sorvendo devagar um copo de ginja d'Óbidos e cantarolando "They call me the wild rose", chocou de forma acidental e com alguns impropérios, com o móvel que guardava o pesado gira discos "Decca". Pontapeou com violência os vinis espalhados pelo chão em raiva, e agarrou num deles com o intuito de o esmagar contra a parede, "eujátedigomeugrandessíssimofilhodaputa", mas uma observação mais de perto antes da catástrofe (não fosse estar a esmagar o Waits que ela lhe tinha oferecido) desvendou-lhe em letras já meias apagadas o frontispício "Chopin", estampado no muito conservador pretoamarelo da "Deutsche Grammophone" já buído do tempo.
Arriscou a audição, e sujeitou à mágoa da agulha a matriz de polímero e deixou fluir um nocturno.
E em contraste absoluto com a música, encolhendo os ombros, encaminhou-se para a janela e abriu o estore de uma vez só, deixando a luz do dia inundar a sala. Abriu a grande portada, e pela primeira vez saiu ao ar lá de fora. Acendeu um cigarro, e já não sabia se sorvia o fumo ou a luz, mas "foda-se, já nem me lembrava..."
A luz entrecortada do sol lembrou-o dela.
E ela já não passava de uma cicatriz. Acendeu outro cigarro. E atirou com toda a força que tinha o Waits pelos ares, que se estatelou lá em baixo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

But I still love you more than anyone else could




Please don't let this turn into something it's not
I can only give you everything I've got
I can't be as sorry as you think I should
But I still love you more than anyone else could

All that I keep thinking throughout this whole flight
Is it could take my whole damn life to make this right
This splintered mast I'm holding on won't save me long
Because I know fine well that what I did was wrong

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
The first kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

We have got through so much worse than this before
What's so different this time that you can't ignore?
You say it is much more than just my last mistake
And we should spend some time apart for both our sakes

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
The first kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
First kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

And I don't know where to look
My words just break and melt
Please just save me from this darkness
Please just save me from this darkness

And I don't know where to look
My words just break and melt
Please just save me from this darkness
Please just save me from this darkness

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Frases sábias





"A bullet in the head is a lesson learned."




Dos lados do vulcão

Esta canção tem um nome tão curioso de pronunciar como Eyjafjallajokull, o vulcão que tem estado nas bocas do povo (ou pelo menos das que conseguem dizê-lo).

E é curioso como de um país como esse, poderia vir isto. Já não ouvia há muitos anos. Vale a pena recordar.

Beleza em estado auditivo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Insónias

Never run when you can walk.
Never walk when you can stand.
Never stand when you can sit.
Never sit when you can lay.
Never lay when you can sleep.


Never sleep when you can die.

terça-feira, 11 de maio de 2010

To give

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que não o sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro os olhos: é o bastante.
Que mais quero?


Ricardo Reis

Geometria descritiva



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Entre mim e eu - pt. II

Pára. Respira. Concentra-te de novo.
Escuta.
Escuta-te mais uma vez.
- Para onde me levas?
- Pergunta antes para onde queres que te leve. Para onde queres ir?
- Para fora de mim. Viver em meu redor. E voltar de novo.
- Mas tu já estás fora de ti. Eu estou fora de e dentro de ti. Eu sou tu e tu és ninguém, tal como eu. Vá, para onde queres que te leve?
- Para onde eu possa não ser eu. Onde possa ser tudo e todos. Nada e ninguém.
- Toma a minha mão. Não vai demorar. Já estamos quase lá.
- Prometes?
- Pela primeira vez não vou enganar-te. Não posso continuar a enganar-me a mim mesmo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Talentos & Companhia

portugal

................................................a partir Portugal de Jorge Sousa Braga

portugal
eu tenho vinte e quatro anos e tu fazes-me sentir
como se fosse nova demais para ti, embora me lembres que estou a caminhos dos trinta.
que culpa tenho eu
que as únicas mulheres da história portuguesa em fascículos
eram uma padeira que nunca existiu e umas quantas rainhas loucas, mães e megeras
só porque escolheste um treçolho na ponta do dedo indicador?

não imaginas como nem sequer fico húmida quando ouço o hino nacional
não estou virada p’ra te levantar o esplendor
(decerto as minhas egrégias avós me compreendem)

ontem fui às compras com a Maga Patalógika
- a vida está cara
a cara com o mal
é o que dá dar
a outra face –
e ela em vez de me dar uma poção, a querer convencer-me que com um ben-u-ron tudo passa
até esta hemorragia de lágrimas e pétalas em salga
esta mucosidade lusa a escorrer pelo atlântico e a acender lusos


portugal
um dia fechei-me no parlamento a ver se te compreendia
mas a única coisa que apanhei
foi uma otite

olha, portugal
eu quero lá saber da nação! – mas levo-te sempre no bolso para ver as horas a transformar-me no Coelho Branco
olha, portugal
eu quero lá saber da nação! – mas pelo sim pelo não
vou votando quando não faço aviões de papel

portugal, estás a ouvir-me?
eu sei que não. as mulheres falam de mais, não é? olha só este poema que já vai em duas páginas

portugal
eu nasci em mil novecentos e oitenta e quatro
cheguei tarde de mais para a festa dos cravos
mas ainda assim
puseram-me um prato na mesa
- estou agora a almoçar
faltam talheres, copo, guardanapo e companhia – nada de ressentimentos
ainda tenho a mão que me sobrou de escrever uma guerra nunca contada
faltam as barrigas de freira para a sobremesa que não devem tardar
- eles dizem que este banquete será sempre bom demais para mim
esquecem-se que somos nós que levantamos a mesa e lavamos a louça e tentamos aquecer
os restos
no micro-ondas


eu nasci em mil novecentos e oitenta e quatro
a venezuelana Astrid Carolina Herrera Irrazábal é eleita Miss Mundo – nada de ressentimentos

eu nasci em mil novecentos e oitenta e quatro
mário soares estava no poder e segue-se-lhe cavaco silva – nada de ressentimentos
à parte o facto de em dois mil e seis voltarem os bonecos bolorentos de uma colecção antiga às vitrinas presidenciais

olha, portugal
começo a ficar deveras ressentida!

portugal,
vou propor-te dois projectos eminentemente nacionais – porque está visto que um só não chega
que bebas um litro e meio d’água por dia, andes meia hora a pé e durmas as oito horas
e que vamos todos e todas
aprender renda de bilros

portugal
gostava de vestir-me de ti
se numa noite de inverno

Rita Grácio

Daqui

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entre mim e eu - pt. I

Respira. Respira bem fundo. Concentra-te. Não podes desviar-te um segundo que seja dos teus objectivos.
- Que objectivos?
- Os teus sonhos.
- Não tenho sonhos. Apenas ilusões, etéreas como flocos de neve que derretem mal os apanho na mão.
- Transforma-te. Transmuta-te. Encontra uma forma de tornar essas ilusões em caminho possível. Concentra-te. Aniquila-te. Liberta-te.

Não consigo. Não sei o caminho. Não tenho a quem pedir direcções.

- O que tens tu?
- Nada. Uma mão cheia de um grande nada. 25 anos de devaneios. Vinte-e-cinco, bem contados. Meia dúzia de canções e outras tantas cordas.
- O que és tu?
- Sonho e nervos. Consumo-me em sonho, em delírio. Sou nervos, todo eu. Todo o meu corpo é vida frenética, mas uma torrente sem rumo, a ser implacavelmente absorvida pelo deserto que atravesso.

Sim, sou isso. Sonho e nervos. Um espírito demasiado maior para um corpo que se desmembra e requebra de tão duro que é.

Orgulho




O orgulho de voltar a ter prazer em tocar.

The Man diz:

Das palavras

Um dia tracei um plano para te encontrar. Para me procurares. Ia escrever em todas as agendas , todos os blocos, cadernos, moleskines que encontrar a minha morada. A minha vida. Onde estou e onde não estou. Ia invadir todas as lojas, abrir tudo e escrever-me por completo, antes de ser apanhado pelos seguranças dos hipermercados ou de ser impedido de entrar nas livrarias da cidade.
Ia violar todas essas páginas em branco com o meu paradeiro, comigo, com todas as pistas de mim para ti, para me encontrares.
Só mais tarde vi que tal era impossível. Somos demasiado diferentes.
Eu gasto-me em bocados de papel com sonhos e nervos. E tu nunca tiveste uma agenda.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Não é o Rock in Rio, mas...

Eu estive lá.

Ontem, Domingo, 18 de Abril de 2010, 20:18.

Um fenómeno raro aconteceu em Portugal, e tive a sorte de me cruzar com ele. Uma formação de nuvens mammatus (ou como me disseram "nuvens em forma de mamas....?!?!... ok...")

Sim, são nuvens em forma de "mamas", o próprio nome mammatus deriva do latim mamma, para "mama" ou "seio".

Associadas a estados meteorológicos instáveis ou tempestuosos, estas nada tinham a ver com isso, foram uma consequência directa da tão falada nuvem de cinzas vulcânicas que ontem entrou no espaço aéreo do Norte de Portugal (até nisso somos os últimos na Europa...)

Não tem grande interesse, confesso, mas como desde pequenino que tenho um fascínio por fenómenos meteorológicos, e não foram desancadeados pelas meninas do tempo da SIC, resolvi partilhar convosco aquilo que foi um acontecimento raríssimo pelos nosso lados.

Mais informação aqui.


Como a minha fotografia, que na altura no telemóvel me deixou todo orgulhoso, não espelha a total panorâmica, deixo aqui uma mais exemplificativa


domingo, 18 de abril de 2010

Recursos humanos

Decidi, após convite do meu caro amigo Mestre Chou Riçá, realizar um inventário numa conhecida (e enorme, por sinal) loja de desporto em Braga. Pela experiência, vá, que se fosse pelo dinheiro, nem me viam (mas isso é um capítulo mais à frente).

Mas como isto de inventários tem mais que se lhe diga, há que perder uma hora a fazer uma formação para a dita. Tenho cá para mim que os senhores não acreditavam mesmo que nós sabíamos contar.

O que posso avançar desde já é que, se tinham a suspeita de que podíamos não saber contar, agora ficaram com a certeza, com grande vergonha minha, de que também não sabemos ler. Percam 2 minutinhos, vale a pena por algumas das pérolas aí inseridas. É toda uma nova definição do conceito de "tradução".
No fim da formação, tive de o fazer.
Perguntei se na empresa não havia lugar para mim, como tradutor. Sim, eu de certeza que sei mais espanhol do que este senhor sabe de português...




Ps: é absolutamente incrível a quantidade de pessoas que apareceram para sacrificarem 4 horas no mínimo, por 20€. A maioria diria eu que foi pelo "que se lixe, tenho tempo e sempre são 20 euritos", mas algumas acredito mesmo que tenham aparecido porque o dinheiro ia ser uma benesse. É o estado de um país que esfola ao máximo através dos intermediários uma classe já de si desesperada.