segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

E no fim

Uma vez que começas a cair não podes parar, nem sequer para te levantares e beberes um copo de água. Ficas ali, imóvel, a suar, expulsando até à última gota a dor que revolve nas tuas entranhas. São horas intermináveis em que pensas que nunca mais poderás voltar a viver, que o melhor seria ficares adormecido para não ver mais nada.
E chega o momento de saires de casa, ainda com a cabeça feita um desastre. Durante 3 horas és capaz de compartilhar trivialidades, cerveja e mais nada. E no último instante, sem contar, as pernas falham-te, e sabem logo de antemão que alguma coisa aconteceu. E ganhas a sensação de que vem outra noite sem dormir.
Gostavas de parar o tempo há meses atrás, quando ainda podias aspirar a encontrar algum equilíbrio. De noite, a comiseração quase te faz rebentar a cabeça. E esse alívio é agora uma dor profunda e, apercebes-te, estúpida. Chegas à estalagem e apenas te apetece queimar tudo, fazer desaparecer cada móvel, espelho ou almofada que te faça lembrar dela. Porque construíram isso juntos. Agora tens de destruir a pessoa que criaste.

A derradeira coisa que podes fazer quando te encontras assim é apagar tudo isso com álcool. Preparas-te mais uma vez para sair, entre as vozes na tua cabeça, sair à rua para respirar. Mas como sempre cometes excessos. E aí a queda será duplamente espantosa.

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