quinta-feira, 20 de maio de 2010

Indifference is killing me




Farah, now that we're here
Can you tell me
Exactly how I should have done?
Farah drives with her eyes closed
Do you ever
Inflict unwanted memories?

I know you
And I know it won't take you long
To make me smile

Farah, angelic girl
I'll have you know
It's you and me potentially

Farah, don't pull the carpet
From underneath
Indifference is killing me

Am I wry?
Oh my! Fallacy Fallacy in my words,
Am I wry?

I know you
And I know you're not afraid
To say the least

Diamond ring, diamond ring
But you can't find it
Cold is the night

sábado, 15 de maio de 2010

"Romeo Is Bleeding"

Há já meses que tinha entrado naquele limbo. Um arrastar de dias, uma sequência mais ou menos lógica de acontecimentos, mas apenas do lado de fora do apartamento onde voluntariamente se tinha encerrado. Parecia-lhe apropriado, e adaptou a si mesmo o ambiente daquela sala e que condizia com o estado de espírito que lhe pesava.
Durante 3 meses voltou a um estado quase gestacional. Cerrou as cortinas e os estores das grandes janelas de vidro duplo e apenas lhe chegavam os ecos difusos de um mundo que se desenvolvia no exterior. Como se dentro do ventre materno de novo, experimentava o mundo apenas indirectamente.
Começou a despertar lentamente, primeiro com o levantar-se do sofá e percorrer as assoalhadas mais ou menos vazias, começar a escolher roupa para se vestir, do meio dos roldões amarrotados que ela lhe tinha deixado empacotados e deixado à porta de casa para ele recolher. Desde que ela o deixara, era ali, naquele espaço que se recolhia.
Iniciou pequenos rituais diários. A preparação do "Cerelac" com que se alimentava fazia semanas, programar o vídeo para gravar os filmes arrastados da 2 caso o sono o vencesse, tomar um duche e fazer a barba de 3 em 3 dias.
Os dias, esses, avançavam sem que sentisse. Colocava Jeff Buckley no gira discos e arriscava pequenas coreografias de tai-chi, reminiscências de um passado ligeiramente mais espiritual.
Começou a elaborar pequenas refeições que não à base de farinhas lácteas, que iam escalando em complexidade com o tempo e ao sabor dos caprichos do palato.
O tabaco chegava-lhe às sextas-feiras, dois volumes, juntamente com as mercearias, com a providencial visita da mulher a dias, a quem confiava as chaves mas de quem fugia na hora em que entrava, e recolhia-se trancado no único quarto que havia, fazendo questão de deixar uma lista com as compras e o sempre sublinhado "por favor, feche as persianas ao sair" no final.
Uma manhã em que o céu se tinha colorido de côr de papel pautado,pardacento, monocórdico e alinhado (não que tivesse grande interesse para o nosso sujeito), ele pressentiu a luminosidade que escapava pelas frestas da porta do corredor do prédio, e colocou os óculos escuros antes de deambular pela penumbra. Sorvendo devagar um copo de ginja d'Óbidos e cantarolando "They call me the wild rose", chocou de forma acidental e com alguns impropérios, com o móvel que guardava o pesado gira discos "Decca". Pontapeou com violência os vinis espalhados pelo chão em raiva, e agarrou num deles com o intuito de o esmagar contra a parede, "eujátedigomeugrandessíssimofilhodaputa", mas uma observação mais de perto antes da catástrofe (não fosse estar a esmagar o Waits que ela lhe tinha oferecido) desvendou-lhe em letras já meias apagadas o frontispício "Chopin", estampado no muito conservador pretoamarelo da "Deutsche Grammophone" já buído do tempo.
Arriscou a audição, e sujeitou à mágoa da agulha a matriz de polímero e deixou fluir um nocturno.
E em contraste absoluto com a música, encolhendo os ombros, encaminhou-se para a janela e abriu o estore de uma vez só, deixando a luz do dia inundar a sala. Abriu a grande portada, e pela primeira vez saiu ao ar lá de fora. Acendeu um cigarro, e já não sabia se sorvia o fumo ou a luz, mas "foda-se, já nem me lembrava..."
A luz entrecortada do sol lembrou-o dela.
E ela já não passava de uma cicatriz. Acendeu outro cigarro. E atirou com toda a força que tinha o Waits pelos ares, que se estatelou lá em baixo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

But I still love you more than anyone else could




Please don't let this turn into something it's not
I can only give you everything I've got
I can't be as sorry as you think I should
But I still love you more than anyone else could

All that I keep thinking throughout this whole flight
Is it could take my whole damn life to make this right
This splintered mast I'm holding on won't save me long
Because I know fine well that what I did was wrong

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
The first kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

We have got through so much worse than this before
What's so different this time that you can't ignore?
You say it is much more than just my last mistake
And we should spend some time apart for both our sakes

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
The first kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

The last girl and the last reason to make this last for as long as I could
First kiss and the first time that I felt connected to anything
The weight of water, the way you told me to look past everything I had ever learned
The final word in the final sentence you ever uttered to me was love

And I don't know where to look
My words just break and melt
Please just save me from this darkness
Please just save me from this darkness

And I don't know where to look
My words just break and melt
Please just save me from this darkness
Please just save me from this darkness

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Frases sábias





"A bullet in the head is a lesson learned."




Dos lados do vulcão

Esta canção tem um nome tão curioso de pronunciar como Eyjafjallajokull, o vulcão que tem estado nas bocas do povo (ou pelo menos das que conseguem dizê-lo).

E é curioso como de um país como esse, poderia vir isto. Já não ouvia há muitos anos. Vale a pena recordar.

Beleza em estado auditivo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Insónias

Never run when you can walk.
Never walk when you can stand.
Never stand when you can sit.
Never sit when you can lay.
Never lay when you can sleep.


Never sleep when you can die.

terça-feira, 11 de maio de 2010

To give

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que não o sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro os olhos: é o bastante.
Que mais quero?


Ricardo Reis