quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Meio - poema II

Chegou
com a agressividade
de um vento
tépido,
sorrateiro,
ligeiro,
abanou-me...
... e partiu
sem olhar para trás
deixando poeira
de cansaço e mágoa.
Fugiu.

Meio - poema

Eu desejava que as minhas palavras
Fossem somente de amor para ti,
mas o impulso da minha emoção
Arranha e agride,
transgride a essência de todo o meu sentir.
Para que não me doa
Mordo.
Para que não me magoe
Minto.

O Princípio é o Fim é o Princípio

Encontrei, por acaso, o teu poema, perdido num pedaço de saco de pão, daqueles de papelão amarelado. Estava perdido no espaço; entre o balcão do mercado, algures no 25 onde o escreveste embalada nos solavancos, com as bagettes apoiadas nos joelhos e a caneta a furar incessantemente o papel, e finalmente em casa, caído atrás do frigorífico.
Agora está lembrado, nas cinzas que ainda fumegam no cinzeiro e nas recordações que teimo em guardar.

Do you close your eyes when you kiss me?

Não fui feliz. Não fui.



Por isso evitei os teus olhos sempre que pude beijar-te.

Love? It's overrated - V

Ele entrou no comboio, deixando-a especada na plataforma com os braços colados ao corpo desalinhado na comoção da partida. Sentou-se de costas, onde não pudesse vê-la.
O comboio pôs-se logo em marcha apressada, e no apito rouco da locomotiva gritava o impudor de uma nota de alívio.

Ela quis chamá-lo, para lhe dar um sorriso, mas ele já ia longe, sem nunca se voltar. Como quem não tem frente, como quem só tem costas.

Love? It's overrated - IV



Ela: (remexe o cubo de gelo no copo) - Não confio em Gémeos. Têm sempre duas caras, são uns sacaninhas bipolares e dissimulados.
(sorriso sardónico; olha-o nos olhos) - Em que mês é que tu nasceste...?

Ele: (põe o cachecol e sacode a manga do casaco) - Nunca confiei em alguém que nascesse no dia 1 de Abril.
(acende um cigarro; olha pela janela) - Acho que nem preciso de dizer mais nada.


O cigarro ficou a arder sozinho no cinzeiro.
Ela continua até hoje a remexer o cubo de gelo.

"Lisboa, Lisboa (...)" - pt. II

Da mais recente incursão por terras das Tágides, ficam as considerações:

- A cidade já não cheira tão mal (mas por outro lado, é Inverno, e eu estava constipado, o que por si só é um bónus);
- Continuam a reinar os sabonetes de casa de banho espectaculares. Desta vez, côco. Nada mal.
- A Optimus parece simplesmente não existir por aqueles lados.
- Em compensação, a Vodafone funciona muito bem, mas só para alguns. A consciência que opera equipamentos rendidos a essa operadora é que não funciona, definitivamente.

Lisbon wins.