Guardo para sempre comigo o momento em que o meu avô chegou de viagem há muitos anos atrás. Era já bem tarde quando chegou a casa, que tinha ficado sob minha responsabilidade na ausência dele, e só isso já me fazia sentir "crescido" do alto da minha adolescência galopante em necessidade de afirmação. Chegou como qualquer idoso, cansado mesmo depois de duas semanas de férias, mas com a energia que sempre lhe conheci e que ainda hoje, volvidos 10 anos, ele continua a manter.
Por entre os beijos, os abraços e as recordações trazidas do mundo para mim desconhecido mas certamente maravilhoso dos Algarves, vejo-o nem cinco minutos aguentar em casa, virar costas sem sequer despir a roupa da viagem, e caminhar para a entrada.
Levanta-se logo a voz da minha avó "mas onde vais tu a estas horas?", justamente, já que há uma da manhã não há muitas outras perguntas que possam fazer-se a quem chega de mais de 8 horas de caminho. O meu avô vira-se e respondeu-lhe com um ar solene e ainda assim com a simplicidade da constatação da coisa mais óbvia do mundo "vou dar uma volta lá em baixo, ver as coisas que eu vi crescer, as coisas que eu amo."
Hoje que é a minha vez de chegar de viagem, tenho pena de não ter comigo as coisas que amo. Ainda mais as pessoas. Mas guardo bem gravada na memória a recordação dessa ternura de quem viu mil vidas crescerem em frente dos seus olhos.
Um dia quero ter essas coisas.
Um dia, avô, quero ser como tu.
sábado, 7 de agosto de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Love? It's overrated.
Ele: Qual é o teu maior sonho?
Ela: Não tenho nenhum.
Era nessa altura que devia ter-se acendido
a luzinha vermelha na cabeça dele.
a luzinha vermelha na cabeça dele.
terça-feira, 27 de julho de 2010
Desde que te conheço
Sherazade e todas a Mil e Uma Noites condensadas numa só. A Guerra dos 100 Anos num suspiro. Dorian Gray num piscar de olhos. Viver suspenso, Mathusalem de uma noite só, imortal enquanto viva. Para que de manhã, se esta chegar, possa finalmente descansar tudo o que não pude enquanto vagueava na minha vida, Florence Nightingale sem ninguém para velar.
Mergulhar na malha do tempo, respirar debaixo de água, Jacques Cousteau imerso nas idiossincrasias de mim mesmo. Viver tão devagar que vejo todos a envelhecer, à velocidade da ampulheta dos nosso corações, à velocidade do Som, do meu som. Esperar sentado nas escadas de casa pelo nascer do sol e deixar os meus ossos aquecerem debaixo da luz da manhã.
Afagar uma última vez os teus cabelos, enrolar madeixas nos meus dedos, pequenos parafusos de Arquimedes que recolhem as minhas lágrimas silenciosas. Deitar a minha cabeça no teu colo e deixar os teus dedos pequeninos navegar no mar revolto do meu cabelo.
Trair a melancolia que me assiste (quem diria que a tristeza pudesse ser tão formosa...?)
"É tempo".
Foi uma longa noite, e vivi mil vidas num crepúsculo só. Os teus lábios sobre os meus, chakra elemental, Nirvana de nós, Zen pessoal. É demasiado o sol que castiga os meus olhos velhos e cansados. Rebolar devagarinho para o lado como nos domingos de manhã, "deixa-me dormir..."
Não apanhes demasiado sol.
Não te apaixones por querubins.
Mergulhar na malha do tempo, respirar debaixo de água, Jacques Cousteau imerso nas idiossincrasias de mim mesmo. Viver tão devagar que vejo todos a envelhecer, à velocidade da ampulheta dos nosso corações, à velocidade do Som, do meu som. Esperar sentado nas escadas de casa pelo nascer do sol e deixar os meus ossos aquecerem debaixo da luz da manhã.
Afagar uma última vez os teus cabelos, enrolar madeixas nos meus dedos, pequenos parafusos de Arquimedes que recolhem as minhas lágrimas silenciosas. Deitar a minha cabeça no teu colo e deixar os teus dedos pequeninos navegar no mar revolto do meu cabelo.
Trair a melancolia que me assiste (quem diria que a tristeza pudesse ser tão formosa...?)
"É tempo".
Foi uma longa noite, e vivi mil vidas num crepúsculo só. Os teus lábios sobre os meus, chakra elemental, Nirvana de nós, Zen pessoal. É demasiado o sol que castiga os meus olhos velhos e cansados. Rebolar devagarinho para o lado como nos domingos de manhã, "deixa-me dormir..."
Não apanhes demasiado sol.
Não te apaixones por querubins.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
A ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos, como um deus
e amanheço mortal.
O Silêncio das Estrelas
Lenine
O Silêncio das Estrelas
Lenine
segunda-feira, 12 de julho de 2010
quarta-feira, 7 de julho de 2010
For what it's worth
Ligaste-me para um café. Vais embora. Demasiado cedo, demasiado tarde, e como sempre as razões para essa dicotomia vão ficar por dizer. Repetimos que não gostamos de palavras, que estas nos traem de cada vez que as usamos, mas na verdade temos muito medo de falar. Temos bem presentes as razões que nos afastam, mas somos incapazes de confessar as que nos mantêm juntos.
Não te/me/nos entendo.
Não te/me/nos entendo.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Subscrever:
Mensagens (Atom)