quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sarkozy em dueto com Gipsy Kings: "Volare" (p'ró vosso país)

O Secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês, Pierre Lallouche, estala o verniz:

"Este género de deslizes não é conveniente. A paciência tem limites; não é assim que uma pessoa (Viviane Reding, Comissária Europeia da Justiça) se dirige a um grande Estado."

Podia pegar por uma série de questões. Pelo facto de estarmos a assistir a deportações que, se não são ilegais, são no mínimo absolutamente amorais, já que a França sentiu na pele o estigma das perseguições étnicas ainda no século passado sob o jugo Nazi, e se o passado não fala mais alto, mais uma vez grassa a política do "olhar para o lado e assobiar"; pelo facto de Nicolas Sarkozy ser ele mesmo descendente de imigrantes russos, o que revela logo à partida uma incongruência ao nível do "eu cheguei primeiro, nhé nhé nhé"; pelo facto de mais uma vez, uma minoria ser responsabilizada pelas sucessivas falhas políticas na gestão social do "fondue" cultural que é hoje em dia a França (ia colocar "melting pot", mas ainda vinha um escargot afectado por aí abaixo refilar).
Mas não. Tão somente pelo facto de mais uma vez (e perdoem-me todos os francófilos), a arrogância desse "grande Estado" ser de uma afronta petulante. O que vão fazer a seguir? Aplicar sanções e privar-nos de croissants e Le Coq Sportif?

Na perspectiva da dicotomia acção-reacção, se pela vaga de instabilidade social paga uma minoria étnica, para mim, pelo retrocesso provocado na Europa enquanto bastião de liberdade e tolerância, pagam todos os franceses na minha consideração pelos seus legítimos e livremente eleitos representantes.

E ainda me perguntam por que não gosto de franceses...?

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