quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ressaca

Ressaca de sentimentos. Era o que nesse dia lhe martelava a cabeça. Massacrava-o até à medula dos ossos, quase lhe fazia saltar os olhos das órbitas. Não era suposto. Os seus caminhos pareciam finalmente convergir, dirigir-se para o mesmo ponto, e ainda assim parecia tudo tão etéreo, tão vazio.
"Our minds and bodies just sensually click / I fall between your boobs and you on my dick." Tinha sido mais ou menos isso que tinha acontecido nesse dia, e ainda assim tudo pareceu ficar ali. O calor ficou no meio dos lençóis, e tudo acabou por se tornar gelado como a chuva que caía lá fora. Cada qual seguiu o seu caminho, e a maior angústia era ter a vaga noção que do outro lado era isso que grassava também.
Há muito que tinham deixado que o frio se instalasse, e ambos sabiam que não eram pessoas de meios termos. Eram ou não eram; tinham ou não tinham. Escolheram falar, mas mas ambos tinham perdido os dicionários com que se decifravam mutuamente.
Perderam-nos e para desespero dele, parecia não haver volta a dar, quando não eram sequer capazes de se manterem juntos na mesma cama.
Amargo de boca do que podia ter sido.

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