quinta-feira, 8 de abril de 2010

There's nothing that the road can't heal

Hoje comemora-se o Dia Mundial do Cigano.

(modo chunga -> ON)

Por momentos, pensei que íamos ter um dia repleto de coisas bonitas como multidões a venderem óculos de sol e perfumes contrafeitos na Avenida, números de gamanço de telemóvel e de venda de "cenas e merdas", e ainda uma flash mob protagonizada por 500 patriarcas e carroças de burro, tudo isto ao som de "Jobi, Jobá".

(modo chunga -> OFF)

Todos nós temos um pouco de ciganos em nós. Uns mais do que outros, certo, mas todos nos identificámos com muitos aspectos da cultura peculiar deles, quando não sofremos até de um certo grau de inveja.
Eu sei que tenho. Haveria coisa melhor do que ter por mote a liberdade absoluta? Não conhecer fronteiras, nacionalidades, ter por lar a berma da estrada? Andar com as trouxas às costas e ter o céu como tecto. "Into the wild"

Ter como lar o sítio onde pousamos os nossos chapéus, onde passamos a noite com as pessoas que nos são queridas, e viver por um código de conduta que nos ditasse que há coisas que nos ultrapassam e não podemos lutar contra elas; apenas deixar-nos ir, e quando o vento se levanta, irmos também, por onde ele arrastar a poeira batida pelo sol do fim do dia.

E viver os reencontros com os "nossos", com os que vivem o mundo como nós, com a reverência festiva que merecem os momentos em que os solitários se encontram e partilham os pedaços de vida que escolhemos espalhar por aí. A derradeira definição de saudade.


"Somos um pouco ciganos,
Anda sempre alguém por fora"

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